Candeeiro amigo das noites de Abrantes
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Recantos e cantos de uma cidade, refúgios de amores e desamor, lugares onde se tomam decisões próprias. Demarcações que perderam costumes, de habitantes distraídos, alheados nas suas vidas. Consumidos pelas redes sociais, por demasiadas rotinas, apressados, deixamos para trás a intimidade da cidade. Não chegamos a conhecer o seu berço degastado pelo passar dos anos, local onde a sua história é dura, que se tornou impenetrável a quem quer experimentar vivências novas nos sítios aonde a cidade se tornou adulta.
Janela, há muito que deixou de florir, como esta muitas outras nas ruas apertadas e compridas. As flores deixaram de acenar a quem atravessa as artérias subtraídas de vida. Não há sorrisos e exclamações, fontes da inspiração dos vários odores naturais. Flores penduradas, quintais arranjados, limões suspensos, roseiras trepando as paredes, ocultando estruturas vulneráveis, embelezando travessas e ruelas. Nas paredes externas dos lares não há lugar a gentes da minha terra, debruçadas nos parapeitos, vozes ecoando perto dos telhados, trazidas pelo movimento do ar. O som dos tachos e panelas colidindo na azáfama da preparação das refeições, rádios berrando. Confusões, enredos, vinham assim, esbarrar com estranhos, as ruas eram canais de notícias, públicas e particulares, descobriam-se verdades e mentiras inocentemente. É importante que a janela torne a florir, que o seu peitoril seja ocupado por gente nova, que traga alegrias, e novidades. É necessário que haja janelas floridas.
Portas que enclausuram memórias, cadeados e correntes de existências impossibilitadas de voltarem a ser lembradas.
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