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Entreportas, espreitadelas na minha terra

Entreportas, são impressões, imagens, descrições de uma cidade, de um território onde a ruralidade, os modos de viver das suas comunidades, diferenciadas a norte e sul do rio Tejo se ligam no centro de Portugal.

Entreportas, espreitadelas na minha terra

Entreportas, são impressões, imagens, descrições de uma cidade, de um território onde a ruralidade, os modos de viver das suas comunidades, diferenciadas a norte e sul do rio Tejo se ligam no centro de Portugal.

28
Dez20

Até onde a vista atinge

historiasabeirario

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Até onde a vista atinge, foi sempre assim a quem permaneceu no interior das muralhas do Castelo de Abrantes. Os primeiros povoadores certamente aí se estabeleceram edificando o primeiro núcleo urbano, por ser este o local onde melhor se avistava quem vinha por bem ou por mal. Com o passar dos anos tornou-se imprescindível na reconquista da linha do Tejo. A sua Torre de Homenagem, erguida entre os anos de 1300 a 1303, foi a " cereja " após a conclusão das obras de reconsolidação das muralhas. Do seu topo a vista alcança numa rotação de 360° panoramas aos quais não conseguimos ficar indiferentes, Belver, mais próximo, Santarém, mais longe, são dois exemplos do que se consegue observar a olho nu. Foi nas conquistas e reconquistas um sítio onde a ferocidade, a crueldade e desumanidade ultrapassaram limites. Do seu fosso defensivo, lugar onde muitas vidas terminaram, nasceu um Jardim, quem diria, uma prova de respeito e admiração por aqueles que deram as suas vidas por um objectivo, Abrantes. 

17
Dez20

Abrantes está pouco quente

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Abrantes, acorda quase sempre  debaixo de um manto de névoa, a sua proximidade com o rio oferece nos meses mais frios a cobertura. Os abrantinos saem de casa revestidos dos pés à cabeça, caminham nas ruas empedradas, as quais parecem soltar água, ter atenção é necessário para avançar nos seus destinos. As primeiras saudações entre uns e outros são muitas vezes imperceptíveis, pelo tremelicar da voz enleada no frio, ou cachecol resguardando o rosto, abafando as palavras simpáticas. O trabalho espera por muitos deles, outros o ócio é vitalício, os cafés recebem clientes apressados para o primeiro café do dia. Bebido apressadamente, com tempo, para ouvir e dar novidades, ler o jornal, ter companhia quando em casa não se tem ninguém. Gosto deste quotidiano, muito idêntico todos os dias da semana, conjunto de hábitos que muitos abrantinos mantêm, ocupam os largos e as praças da cidade, conversas realizadas cautelosamente, protegendo as mãos nos bolsos, batendo os pés no chão, tentando assim protegerem-se do frio.  Mulheres com andar bamboleante seguram sacos cheios, aproximam-se vindas da rua do mercado, as pontas das hortaliças espreitam, estão exuberantes, não há nada como a vaidade dos legumes e hortaliças  com a aproximação da consoada. O comércio que resta no núcleo antigo, agradece estes passeantes, quem consegue, entra e sai de loja em loja, comprando aqui e ali, algo para mimosear um parente um amigo, lembrar que apesar da preocupação do momento há tempo para a família e os amigos. Abrantes está pouco quente neste período matinal, mais logo com a chegada da escuridão as iluminações de Natal trazem ânimo e alegria às ruas. Aquecem as  pessoas que sacodem os problemas e continuam nas suas existências, sem perderem as capacidades de se realizarem.

 

14
Dez20

A manhã em Abrantes

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A manhã em Abrantes, ainda não tinha acordado completamente, a vista para o rio com as margens engalanadas naturalmente pela folhagem das árvores, que a pouco e pouco se despedem dum outono chuvoso, surpreende quem caminha na direcção do curso de água. A aurora não necessita de promoção, a sua ascensão nunca é igual, nós é que teremos ser diferentes no sentido que ela continue sempre a nos desconcertar com os primeiros indícios de um novo dia. 

11
Dez20

Quinta da Onia em Abrantes

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A quinta foi acolhida na margem do rio Tejo como se sempre ali tivesse existido, valorizando o entendimento do homem com o rio. Situada na margem  sul, na União de Freguesias do Rossio ao Sul do Tejo e S. Miguel do Rio Torto. De Interesse Municipal é dos mais antigos morgadios abrantinos. Actualmente é propriedade dos herdeiros do arquitecto Duarte  Castel - Branco. 

06
Dez20

Numa cidade de idade avançada

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O nevoeiro intrometeu-se na manhã de Abrantes. Ofuscando as panorâmicas que se conseguem alcançar do alto do outeiro, mesmo assim, caminhar por Abrantes, nas ruas onde a presença humana é escassa, é fascinante. O silêncio, só interrompido pelo som das solas das botas, batendo no empedrado, pelo piar dos melros, que não se deixam observar, escondidos no meio da ramagem e das folhas mais resistentes das árvores dos jardins. A tranquilidade transmite a quem anda, como eu, deambulando por ruas que nunca se cansam receber-me, e a tantos outros, forasteiros, transeuntes, harmonia e atenção ao que nos rodeia. Pormenores que sempre ali estiveram, numa casa, numa rua, por magia surgem defronte dos meus olhos pela primeira vez. São estes momentos deslindando e perdurando o que me rodeia numa cidade de idade avançada mas sempre bonita.

 

 

 

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