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Entreportas, espreitadelas na minha terra

Entreportas, são impressões, imagens, descrições de uma cidade, de um território onde a ruralidade, os modos de viver das suas comunidades, diferenciadas a norte e sul do rio Tejo se ligam no centro de Portugal.

Entreportas, espreitadelas na minha terra

Entreportas, são impressões, imagens, descrições de uma cidade, de um território onde a ruralidade, os modos de viver das suas comunidades, diferenciadas a norte e sul do rio Tejo se ligam no centro de Portugal.

28
Fev21

Um passeio a não perder

historiasabeirario

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A charneca acordou vestida de primavera, pequenas flores proliferam ao longo do Vale, das encostas a terra liberta lágrimas que dão origem a pequenos riachos que não se cansam de correr em direcção a ribeiros e ribeiras. A água impulsionada pelas chuvas das últimas semanas é tanta que os seus leitos esconderam as pedras. A água chega perto dos rebanhos que pastam a erva fresca. O sol espalhou-se ao comprido esta manhã na aldeia do Vale Zebrinho, convidando a caminhar ao encontro de um património natural, situado a sul do Tejo no território de Abrantes. Resiliente à intempérie humana, rico em plantas e flores silvestres, onde a giesta já dá ares dá sua graça e a esteva não tardará a cobrir de branco com as suas flores toda a charneca. Se é apreciador de espargos, está no momento certo de os encontrar, na base das oliveiras, dos carvalhos, ou mesmo na beira da estrada e dos trilhos, com atenção deparará com esta planta selvagem, vigorosa de características medicinais, a despontar no meio dos espinhos que a protegem. A fauna já foi mais rica, coelhos e lebres foram os mais perseguidos, actualmente a sua população diminuiu drasticamente. O javali ainda é o mais avistado, pelo menos a sua peugada é muitas vezes encontrada próximo das aldeias. Um passeio a não perder em terras de Abrantes, com a natureza como companhia e confidente. 

26
Fev21

Rua Grande...

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O sol espreitou por entre as interrupções da chuva que caía repentinamente. Foi nesta pausa em que o astro conseguiu romper a muralha nebulosa, que me pus a caminhar vagarosamente pela Rua Grande. O topónimo da rua já não é o mesmo, foi-lhe designado outro, Rua Santos e Silva é a sua designação actual, homenagem ao homem, escritor e deputado que ajudou a CMA de então a conseguir autorização para a construção da ponte rodoviária sobre o Rio Tejo. Foi requerido por Thiago de Abreu em sessão camarária em 1890 a substituição do topónimo, pelo empenho de Santos e Silva que permitiu a viabilidade da obra. A rua continua a ser divulgada pelo antigo topónimo, poucos são os abrantinos que a reconhecem por Rua Santos e Silva. Voltando à rua e às pedras da calçada que me guiam entre prédios altos, em cujas varandas alinhadas, sobressaem os guarda corpos em ferro, destacando estes a perfeição dos contornos elaborados por mãos habilidosas a trabalhar o ferro. Olhando para sul,  a rua tem o seu início no seguimento da Rua da Barca, rasga a base do outeiro no qual está edificada a Fortaleza da cidade de Abrantes, no meio destas, talvez estivesse o primitivo casario, encostado as muralhas. Tornou-se numa rua imprescindível à passagem de pessoas e mercadorias, cuja acessibilidade se iniciava na margem do rio onde os barcos escoavam os bens necessários e pessoas, depois através da Rua da Barca até à vila e ao restante território exterior. Uma rua que ainda hoje continua a ter importância, no tráfego rodoviário, para quem queira sair da cidade no fim de um dia de trabalho, no acesso ao núcleo antigo aos edifícios históricos. A rua termina no encontro com a rua dos Combatentes da Grande Guerra, onde a Igreja de S. Vicente, elevada na sua grandeza enche a vista a quem aqui chega. Não tenho dúvidas que será para sempre denominada por Rua Grande. 

12
Fev21

O gato e a janela...

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O gato e a janela, tema para uma história de um gato a espreitar de uma janela. Ou a história do prédio onde os vidros espelham um pouco a rua. A história da rua que se intitulou de S. Julião, por nela ter existido uma ermida com esse nome. Da rua que também se chamou de Solano de Abreu, mas que afinal ficou com topónimo Manuel Constâncio. Natural de Sentieiras, aldeia de Abrantes, nascido em 1725, foi professor de anatomia no Hospital de Todos-os-Santos, cirurgião da casa real, de D. Maria I e escudeiro fidalgo. Tendo falecido em 1817. Mas a história do gato é a minha preferida. O gato que não se cansa de espreitar quem passa na rua, como será o seu quotidiano? Será como o dos outros gatos, saltando pelos telhados procurando ninhos escondidos, tentando a sua sorte com alimento fácil? Estará privado dessa liberdade? Dominado pelo dono, talvez o seu território não seja mais que o interior da casa que o acolheu? Não acredito, gato que é gato, arranja sempre maneiras de se escapulir de vez em quando. Corre com os outros gatos da rua, trepa ás árvores, brinca com ratos, namora com gatas. O gato da janela de um prédio, uma história numa rua de Abrantes. 

09
Fev21

A água do rio...

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A água do rio vem, vai desaguar a jusante, há momentos que aparenta ter-se escoado para sempre. No leito vazio só as pedras se realçam, no ar o cheiro fétido dos sedimentos que não conseguiram acompanhar a rapidez com que a água se afastou. A fauna submersa não quis deixar o meio em que vive, também se foi, exceptuando os patos, tendo hábitos aquáticos, contentam-se com a pouca água que restou. A montante está a ponte ferroviária, nela o comboio vai e vem no seu ritmo, Beira Baixa acima, Beira Baixa abaixo, anda nisto todos os dias. Ambos os destinos são Lisboa, capital de Portugal, altaneira e no centro, Abrantes continua testemunha da viagem dos seus filhos, da história das suas gentes. 

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