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Entreportas, espreitadelas na minha terra

Entreportas, são impressões, imagens, descrições de uma cidade, de um território onde a ruralidade, os modos de viver das suas comunidades, diferenciadas a norte e sul do rio Tejo se ligam no centro de Portugal.

Entreportas, espreitadelas na minha terra

Entreportas, são impressões, imagens, descrições de uma cidade, de um território onde a ruralidade, os modos de viver das suas comunidades, diferenciadas a norte e sul do rio Tejo se ligam no centro de Portugal.

28
Jan25

Agora ...

historiasabeirario

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Agora a chuva deixou a cidade, Agora o sol impõe-se, Agora o vento sopra com mais força, Agora regressam as nuvens. Agora a cidade é uma união de habitantes. Agora a cidade abriga pessoas de outros lugares. Agora a cidade não se cansa de espreitar o rio e o além-Tejo. Agora, é um frontispício de um livro de poder ilimitado. Agora, é uma fachada que se mantém na aparência, encobrindo um bairro, não é mais do que uma máquina calculadora. Agora, é mais do mesmo, premeditações ruinosas que o tempo trouxe ao longo dos anos ao âmago da cidade. Agora, é outro cenário, de um conjunto de filmes projectados anteriormente na sala abrantina. Agora está a chegar o dia, a possibilidade, de os abrantinos escolherem uma obra cinematográfica, independentemente do suporte em que é registada.

23
Jan25

A cidade ergueu-se ...

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Na cidade há ruas onde a tragédia é visível, quase se pode mencionar a união ilícita entre os elaboradores de Abrantes e os seus caminhos urbanos. Provavelmente Eça de Queiroz não conseguiria escrever um romance dramático a decorrer nestas ruas, a sua inspiração morreria à nascença abafada pelos tapumes, pelas matérias fecais. Na desordenação, na insuficiência de ideias relacionadas com o enquadramento da história urbana. Pela harmonia, pela intensidade existente na escrita da rua das flores. Ainda assim há outras onde há expectativa, há ruas das flores, cheias de aromas, de rebentos lançados para as primaveras. Os insectos não ficam alheios, é nas ruas das flores que projectam ecossistemas, desenvolvem episódios intensos e curtos, semelhantes ao do Eça de Queiroz, na sua tragédia da rua das flores. Multiplicam-se uns com os outros, sem qualquer interdição na sociedade equilibrada que constroem, sempre a espreitarem as flores, escolhendo as mais saborosas para se alimentarem. A cidade ergueu-se, conseguindo tocar o céu, a saborear o horizonte a perder de vista, a matar a sede nas águas do rio Tejo.

22
Jan25

A grade não impede a ...

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Foi aposento de religiosas o espaço onde a janela permite olharmos a manhã chuvosa. O temporal continua, sem se cansar de escoar água, parece que a cidade vai abaixo, com esta queda de água precipitando-se de grande altura. Da janela, espreita-se o Rossio de Abrantes, antigo topónimo, actualmente Jardim da República. A grade não impede a liberdade de pensar, ou de escrever, o que foi noutro tempo um convento, actualmente é a Biblioteca Municipal António Botto. O Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA), estabeleceu-se nos espaços  nascente e sul. Situado num planalto, sobranceiro ao rio Tejo, integrado na malha urbana, o edifício tem a sua fachada principal direccionada a poente, ao Jardim da República, contemplado da janela.

19
Jan25

A luz forte ...

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Paredes brancas, painéis onde se projectam histórias da cidade, o panorama que se observa aos pés da grande muralha poente do castelo, do núcleo antigo da cidade. A luz forte, não é mais, do que o brilho, dos óscares atribuídos às gentes de Abrantes. Continuam a percorrer as ruas apertadas, apesar da descontinuidade populacional no coração da cidade, do sangue que não flui mais, as paredes brancas continuam a ser o pano no qual a história da cidade, das suas pessoas, pode ser espreitada.

16
Jan25

A cidade perdeu ...

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A cidade perdeu a ligação com as flores que outrora fizeram com que a apelidassem de Cidade Florida. Esconde-se, talvez, pela perda da dignidade, pela desvalorização, perante os abrantinos. Foram os de Abrantes, e não os abrantinos, que desconsideraram as flores que aromatizaram Portugal de lés a lés, a tradição, a festa das flores. Estas continuam  nos jardins da cidade, do castelo, mantidas com o empenhamento dos jardineiros, cujas mãos nunca deixaram de as acarinhar. Numa relação de intimidade, entre pais e filhos, de relações amorosas, só assim as flores resistiram. As flores na cidade acompanham as estações meteorológicas, sorriem para os abrantinos, aos forasteiros, não representam uma decoração, são a alma. A cidade não pode ser  uma jarra, onde se muda a água, e se mantêm as mesmas flores.

15
Jan25

O inverno ...

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O inverno instala-se devagar, no Jardim do Castelo, há muito que as árvores se despiram para aceitaram o abraço frio do velho amigo. Amantes leais, preparam-se sempre com antecedência para o enlace gelado, deixando cair por terra todas as peças do vestuário, pedindo ajuda ao vento, que as leve para longe. O prazer deste envolvimento não permite qualquer protecção, a união dá-lhes energia suficiente para criarem novos rebentos. 

 

10
Jan25

Construtores de cidades

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Torre de menagem erguida no interior do castelo existente na imaginação dos construtores de cidades. Sem muros elevados a guarnecerem  o aglomerado  de prédios hesitantes, perante o confronto dos dias vindouros. Alicerçadas no outeiro, olhando o rio desfalecido, não percebem o que lhes aconteceu, abandonadas pelo tempo, apenas o vento soprando penetra no âmago da cidade. Atravessa os saguões abandonados, os abrigos dos pombos, furando os espaços vazios, os aposentos interiores, mais rápido do que a água a correr no leito do rio. O silêncio prevalece no íntimo  dos prédios, tornando-se audível nas ruas que os acompanham. Há dias em que o mistério, a incerteza, o nevoeiro cerrado se instala, regressa sempre, oriundo do rio, pela manhã adentro, teima em ficar no período da tarde, até ao fim do dia. Ruas cheias de passado, de  espectros caminhantes, ou vivalmas nos dias de hoje, as pessoas nas cidades imaginárias. Abundam prédios onde está reunida a história, as histórias da imaginação de cada um, o passado sangrento nas derrotas, as lágrimas derramadas nas vitórias. O vento apressado varre a mente de quem administra os recursos da cidade. Leva-lhes os acontecimentos do passado glorioso da cidade, não querem ouvir, saber o que foi, a história da cidade. Talvez o passado recente, um dia volte para os atormentar, não basta expor a história, ou ultrapassar o passado, é necessário imaginar o futuro ouvindo os sussurros do vento a atravessar através do tempo. 

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