Numa cidade de idade avançada
O nevoeiro intrometeu-se na manhã de Abrantes. Ofuscando as panorâmicas que se conseguem alcançar do alto do outeiro, mesmo assim, caminhar por Abrantes, nas ruas onde a presença humana é escassa, é fascinante. O silêncio, só interrompido pelo som das solas das botas, batendo no empedrado, pelo piar dos melros, que não se deixam observar, escondidos no meio da ramagem e das folhas mais resistentes das árvores dos jardins. A tranquilidade transmite a quem anda, como eu, deambulando por ruas que nunca se cansam receber-me, e a tantos outros, forasteiros, transeuntes, harmonia e atenção ao que nos rodeia. Pormenores que sempre ali estiveram, numa casa, numa rua, por magia surgem defronte dos meus olhos pela primeira vez. São estes momentos deslindando e perdurando o que me rodeia numa cidade de idade avançada mas sempre bonita.