A cidade ergueu-se ...
Na cidade há ruas onde a tragédia é visível, quase se pode mencionar a união ilícita entre os elaboradores de Abrantes e os seus caminhos urbanos. Provavelmente Eça de Queiroz não conseguiria escrever um romance dramático a decorrer nestas ruas, a sua inspiração morreria à nascença abafada pelos tapumes, pelas matérias fecais. Na desordenação, na insuficiência de ideias relacionadas com o enquadramento da história urbana. Pela harmonia, pela intensidade existente na escrita da rua das flores. Ainda assim há outras onde há expectativa, há ruas das flores, cheias de aromas, de rebentos lançados para as primaveras. Os insectos não ficam alheios, é nas ruas das flores que projectam ecossistemas, desenvolvem episódios intensos e curtos, semelhantes ao do Eça de Queiroz, na sua tragédia da rua das flores. Multiplicam-se uns com os outros, sem qualquer interdição na sociedade equilibrada que constroem, sempre a espreitarem as flores, escolhendo as mais saborosas para se alimentarem. A cidade ergueu-se, conseguindo tocar o céu, a saborear o horizonte a perder de vista, a matar a sede nas águas do rio Tejo.