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Entreportas, espreitadelas na minha terra

Entreportas, são impressões, imagens, descrições de uma cidade, de um território onde a ruralidade, os modos de viver das suas comunidades, diferenciadas a norte e sul do rio Tejo se ligam no centro de Portugal.

Entreportas, espreitadelas na minha terra

Entreportas, são impressões, imagens, descrições de uma cidade, de um território onde a ruralidade, os modos de viver das suas comunidades, diferenciadas a norte e sul do rio Tejo se ligam no centro de Portugal.

23
Jan25

A cidade ergueu-se ...

historiasabeirario

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Na cidade há ruas onde a tragédia é visível, quase se pode mencionar a união ilícita entre os elaboradores de Abrantes e os seus caminhos urbanos. Provavelmente Eça de Queiroz não conseguiria escrever um romance dramático a decorrer nestas ruas, a sua inspiração morreria à nascença abafada pelos tapumes, pelas matérias fecais. Na desordenação, na insuficiência de ideias relacionadas com o enquadramento da história urbana. Pela harmonia, pela intensidade existente na escrita da rua das flores. Ainda assim há outras onde há expectativa, há ruas das flores, cheias de aromas, de rebentos lançados para as primaveras. Os insectos não ficam alheios, é nas ruas das flores que projectam ecossistemas, desenvolvem episódios intensos e curtos, semelhantes ao do Eça de Queiroz, na sua tragédia da rua das flores. Multiplicam-se uns com os outros, sem qualquer interdição na sociedade equilibrada que constroem, sempre a espreitarem as flores, escolhendo as mais saborosas para se alimentarem. A cidade ergueu-se, conseguindo tocar o céu, a saborear o horizonte a perder de vista, a matar a sede nas águas do rio Tejo.

16
Jan25

A cidade perdeu ...

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A cidade perdeu a ligação com as flores que outrora fizeram com que a apelidassem de Cidade Florida. Esconde-se, talvez, pela perda da dignidade, pela desvalorização, perante os abrantinos. Foram os de Abrantes, e não os abrantinos, que desconsideraram as flores que aromatizaram Portugal de lés a lés, a tradição, a festa das flores. Estas continuam  nos jardins da cidade, do castelo, mantidas com o empenhamento dos jardineiros, cujas mãos nunca deixaram de as acarinhar. Numa relação de intimidade, entre pais e filhos, de relações amorosas, só assim as flores resistiram. As flores na cidade acompanham as estações meteorológicas, sorriem para os abrantinos, aos forasteiros, não representam uma decoração, são a alma. A cidade não pode ser  uma jarra, onde se muda a água, e se mantêm as mesmas flores.

03
Nov22

Nas ruas ecoam ...

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O dia amanheceu languescido na cidade, o feriado de Todos os Santos amarrou alguns nas enxergas macias, beneficiando o divórcio ao toque do bafo fresco das primeiras horas. Trouxe os mais novos, em pequenos grupos, acompanhados pelos progenitores, segurando sacos ainda meio cheios de rebuçados, línguas de gato, broas e moedas perdidas na confusão. Nas ruas ecoam as palavras mágicas que abrem as portas - BOLINHOS, BOLINHOS À PORTA DOS SANTINHOS - A tradição aguenta-se, assim como os crisântemos que adornam os cantos e recantos da cidade, sempre os vi nos vasos. Em fila nos largos e ruas, rodeando estátuas e bustos de pessoas ilustres, vigiando as entradas das igrejas como se fossem sentinelas. Em pequeno olhava para estas flores de soslaio, conhecidas por flores dos mortos, daí a olha-las fixamente era difícil. O tempo traz amadurecimento, habituei-me à presença desta família de flores nos dias antecedentes à celebração em honra de todos os santos e mártires, disseminadas na minha cidade. A ausência destas como já aconteceu neste dia de festa, trouxe decepção, uma indelicadeza para com aqueles que rumaram à vida eterna. Felizmente a tradição está para continuar, coloridos desafiam a capacidade criativa dos artistas independentemente da arte praticada, apelam aos  forasteiros encontra-las no interior da cidade de Abrantes. Máquinas fotográficas, cadernos de desenho, sebentas são óptimos acessórios para registar a posteridade da beleza urbana, o importante, é o chamamento das pessoas, relembrar a história, fixar residentes.

22
Abr21

A terra em Coalhos...

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As flores são um grande tapete, forram o horizonte, um banquete para o nosso olhar. Um corpete a proteger a intimidade da Terra. De ramalhete em ramalhete, cria-se amizade visual, afoga-se os olhos com tanta beleza natural. A terra em Coalhos  é um receptáculo das águas, dos sedimentos do rio, sempre ultrapassou estas manifestações, revistindo a imagem, a florear as suas gentes, a confiar na vantagem do observador. 

20
Abr21

Não nos demitirmos destes lugares

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Os campos nesta altura do ano estão exuberantes, flores silvestres apelam que as venham observar. As charnecas cheias de cor não deixam ninguém ficar indiferente. Oportunidade de nos atrevermos a conhecer melhor a flora que temos, tirar vantagens do tempo a que assistimos, experimentar as aldeias, as suas gentes, as cores os cheiros que  são o território de Abrantes. Os cursos de água não perderam o movimento rápido, comum nos meses de menos esplendor. As melodias que os pássaros entoam, deslumbram qualquer um. Autênticas orquestras onde os tenores se destacam entre o lirismo e o dramatismo. Observar aves de rapina, audazes no patrulhamento destes terrenos áridos, caçando pequenos mamíferos e répteis, onde só crescem plantas rasteiras e silvestres. Um património natural desconhecido, muito perto das nossas casas. Ouvir o vento, o silêncio, momentos que nos consomem a consciência, despertando-a para a obrigação de não nos demitirmos destes lugares. 

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